Tenho visto umas fotos de móveis reformados com PATCHWORK e eu acho isso o máximo! Altas poltronas, sofás e capinhas de almofadas que ficam super coloridas e deixam o ambiente muito mais animado!
Sou apaixonada por esta arte desde que me entendo por gente! Adorava quando ia pra casa da vovó, naquele frio, e ela colocava na cama aquelas cobertas feitas de retalhos de tecido. Na época, eu só conhecia por "colcha colorida". Depois passei a conhecer por "colcha de retalhos" e, agora, a coisa ficou chique e se chama "patchwork" (pra quê complicar, né?).
Queria muito, muitíssimo aprender a fazer essas coisas. Com certeza, deve ser terapêutico e, se eu aprendesse, ia fazer vários: pra mim, pra família, pra vender, pra doar para os moradores de rua... pra tudo!
Queria, também, aprender a mexer numa máquina de costura. Lá na casa da minha mãe tem uma, jogada no quartinho dos fundos. Minha mãe não usa, eu não sei usar... E essas máquinas são caras! Já que temos uma, queria muito aprender a usá-la e inventar, inventar, inventar...
Foi pensando nessas coisas que senti saudades. Saudades da minha avó querida que foi morar com papai do céu há mais de 18 anos... Eu era bem criança quando ela se foi, tenho poucas lembranças dela, do rosto dela. Mas me lembro muito do carinho, do amor, da casa dela, dos biscoitos de polvilho que sempre tinha quando a gente chegava de viagem. Dos doces, das broas, das roscas com coco ralado em cima. Eu não gostava das que não tinham coco.
Lembro-me do portão vermelho, das roseiras e da grama do quintal, onde eu amava dar cambalhotas. Tinha uns cogumelos também, que eu achava bizarros.
Lembro-me do lixo que ela colocava na calçada pra quando o caminhão de lixo passasse. Ficava dentro de um cesto preto e grande. Pra mim era grande.
Lembro-me da cachorrinha que se chamava Bolinha e da gatinha que era a Nita.
Lembro-me do dia que choveu. Eu queria ir pra casa do meu tio brincar com minhas primas, mas minha avó não deixou por causa da chuva e eu fiquei brava, emburrada, olhando aqueles pingos no chão o resto do dia. E naquele tempo de criança eu já sabia xingar em pensamentos... Só em pensamentos, porque vovó era muito, muito brava.
Lembro-me de outra vez que choveu, ela lavou meu cabelo, não tinha secador, então ela o enrolou e colocou uma touca de lã, achando que ia secar...
Lembro-me de quando ela ficou doente e foi lá pra casa. Assim, minha mãe a levava ao médico. Ela descia comigo pra debaixo do prédio, e eu botava a velhinha pra descer e subir a escada dos 3 andares porque eu tinha medo de andar de elevador.
Lembro-me de seus cabelos lisos e de eu me perguntar porque os meus não eram lisos como os dela.
Lembro-me que ela fazia tranças nos meus cabelos e eu nunca aprendi a fazer tranças como as que ela fazia.
Lembro-me que, no quarto da casa dela onde eu dormia, tinha um beliche. Eu não tinha orelhas furadas e, um dia, dormi com aqueles brincos de criança, que eram adesivos, sabe? Dormi com eles e acordei sem. Nunca os encontrei. Devo tê-los engolido...
Lembro-me que um dia, lá em casa, ela foi pro hospital. Ia ficar internada. Eu nunca a visitei, não sei se não podia ou minha mãe que não deixava.
Lembro-me que ela ia receber alta. Íamos levá-la pra MG, pra casa dela. Só que eu não mais a vi. Ela faleceu.
Não a vi no caixão, nem me levaram no enterro. Só me lembro de estar no velório, mas na verdade, eu nem sabia de fato o que era aquilo.
Tenho saudades dela. Porque ela sabia fazer de tudo: tricô, croché, patchwork, doces, salgados, tranças... E eu queria ter aprendido tudo isso com ela. Mas não deu tempo.
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